quarta-feira, 11 de abril de 2012

PostHeaderIcon O velho Francisco








Quando recebeu a notícia de que ia assistir a um show de Chico Buarque de Holanda, Meu Chapéu quase desacreditou. Show do Chico, quer ir? Perguntar logo para o Meu Chapéu, que conhece quase tudo do compositor, e está lendo o livro Histórias de Canções, de Wagner Homem, que disseca cada música sua?

Meu Chapéu ficou contando os dias para o evento. E por obra da desatenção do seu dono, quase chega atrasado ao show. Na hora que as luzes se acenderam, esqueceu de tudo. Só não podia deixar de ouvir os suspiros das mulheres, que a cada canção soltavam comentários apaixonados: lindo… que olhos… com esse eu casava…

Todo de preto e exibindo sua habitual timidez, Chico abriu com uma canção emblemátca para os seus sessenta e tantos anos bem cantados: O Velho Francisco. Uma canção narrada por um Francisco que lembra suas reminiscências em forma de delírio, e que segundo o autor, nasceu de um sonho. E assim embalado por estas notas, Meu Chapéu não pode deixar de ouvir uma voz em meio a tantas outras que comentavam a apresentação, que repetia: como envelheceu… nossa, como está enrugado…


De fato, quando a imagem do telão fixava um close de Chico, não dava pra não ver a passagem do tempo em seu rosto vincado. E com a mesma voz que conhecemos, talvez um pouco mais grave, e um discreto sorriso a cada sessão de aplausos, Chico começou a desfiar seu colar de pérolas. Meu Chapéu ficou pensando como teria sido escolher duas dezenas de músicas em meio a um repertório de centenas de composições que retratam épocas tão distintas, de uma trajetória que começou no início dos anos sessenta. Tarefa difícil.
Canções novas e quase desconhecidas se misturavam a sucessos consagrados como Geni e Teresinha, que nem bem começavam já eram cantadas em coro pela multidão enfeitiçada. O tempo passou muito rápido, e de música em música, quando Meu Chapéu se deu conta, já estava no bis. Por duas vezes Chico voltou ao palco, e com muita simpatia atendeu a platéia que o aplaudia de pé. Na saída do show, Meu Chapéu fez apenas um comentário: “Chico não envelheceu”. De fato, o velho Francisco que abriu a noite, terminou o espetáculo como um jovem garoto que ainda embala o sonho das meninas e nos enche de alegria com sua poesia travessa. Para Franciso, o tempo não passa. Fotos: Lee Swain