quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

PostHeaderIcon Arte em família

Em fevereiro, Eu e Meu Chapéu fomos visitar o ateliê de Zélio Alves Pinto, em Higienópolis. Não pude esconder minha satisfação de conhecer na intimidade um dos artistas gráficos mais respeitados do Brasil, e que povoou minha juventude com seu traço de personalidade única. De fala mansa como bom mineiro que é, Zélio tem sempre histórias saborosas pra contar sobre sua vida e suas viagens por este mundão afora.
Artista que domina como poucos a arte do cartum, da caritcatura e o refinamento da aquarela, Zelio teve seus trabalhos publicados em revistas como Le Rire, Paris Match, em jornais como France Soir, Le Monde, e nos brasileiros O Cruzeiro, Pasquim, Folha de S. Paulo e Jornal do Brasil.
Recebi de suas mãos o livro lançado ano passado, com direito a dedicatória, e que passa em revista os 50 anos de sua trajetória artística.




Descendente de família de artistas, Zélio é casado com Ciça, outra artista, criadora do Pato, tira que ficou famosa nas páginas da Folha de S. Paulo, com quem botou no mundo outros 3 artistas: o dramaturgo e escritor Pedro Vicente, que também pinta e desenha – o ator Fernado Alves Pinto, que também toca e dança, e a designer Ana Ciça, que vive em Nova York, casada com um afilhado do Norman Rockwell.
Quem fala de Zélio com propriedade é seu irmão, o artista gráfico e cartunista Ziraldo Alves: “Zélio, com seu desenho para a imprensa, fugiu completamente das minhas fontes de inspiração. Nem André François, nem Steinberg, nem Ronald Searle. Ele inventou seu próprio caminho, e firmou seu estilo com tanta segurança e talento que é o único artista gráfico brasileiro a ter feito uma capa para o Graphis, a mais importante revista gráfica do século XX.” Ziraldo.
Zélio parece um garoto passeando no ateliê entre suas telas e esculturas, cheio de idéias e planos para o futuro. Sua obra transparece esta alegria, não se ressentiu com o passar dos anos. Chegando em casa, mostrei orgulhoso ao Meu Chapéu a dedicatória de Zélio, me chamando de “o inquieto Lee”. Pensei comigo em voz baixa: se chegar aos sessenta com a metade da inquietude de Zélio, me dou por satisfeito. 




Fotos: Lee Swain