sexta-feira, 18 de novembro de 2011

PostHeaderIcon A saga Crepúsculo vista com um outro olhar

A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1
(The Twilight Saga: Breaking Dawn - Part 1, EUA, 2011)
Gênero: Aventura, Drama, Fantasia, Romance, Terror
Duração: 115 min.
Diretor: Bill Condon
Elenco: Kristen Stewart, Taylor Lautner, Anna Kendrick, Robert Pattinson, Dakota Fanning, Michael Sheen, Kellan Lutz, Ashley Greene, Jamie Campbell Bower, Nikki Reed



"Breaking Dawn", último livro da série romântica envolvendo vampiros e um tremendo sucesso fílmico-literário da americana Stephenie Meyer, foi estrategicamente dividido em dois - assim como aconteceu com o capítulo final de "Harry Potter", outro estrondoso êxito comercial. Em ambos os casos, a divisão do livro tem alguns objetivos, como supostamente não suprimir do roteiro do filme todos os detalhes narrativos das páginas dos livros, mas o mais importante mesmo era garantir que os ávidos fãs fossem mais vezes ao cinema e assim garantir um prazo de validade dobrado para o sucesso nas telas. Isso é Hollywood, claro. E como se trata de um negócio, que o melhor e mais rentável seja feito.

Mas vamos aos fatos: quando "Twilight" (Crepúsculo), o primeiro livro de Stephenie Meyer foi adaptado para o cinema,alguns detalhes interessantes foram revelados. A história era de uma garota, Bella Swan, que se mudava para uma pequena cidade para viver ao lado do pai. É ali que ela conheceu Edward Cullen, rapaz introspectivo e enigmático, mas ao mesmo tempo atraente e sedutor. Bella se interessa rapidamente por Edward, e mais rápido ainda o jovem se revela um vampiro. Apesar de todo o risco nessa proximidade tão perigosa, ambos se apaixonam. Ocorre que Edward é um vampiro que não bebe sangue humano, o que exige do moço um autocontrole absoluto para não cair em tentação. Está explicitada, aqui, a metáfora central de toda a saga: o vampirismo como alegoria da perda da virgindade.

Neste "A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1", Bella e Edward estão destinados a viver juntos para sempre. Isso significa que ela deixará de ser humana para se converter numa vampira. Edward quer cumprir sua promessa à amada, mas antes eles precisam estar casados. Alice, uma das irmãs de Edward e grande amiga de Bella, organiza todos os detalhes do tão aguardado matrimônio - enquanto o lobisomem Jacob, apaixonado por Bella, entra em total desespero. Edward decide levar Bella para passar a lua-de-mel num lugar paradisíaco (as filmagens foram feitas no Brasil), local onde irá se consumar o casamento dos dois, mas sem conhecer as graves consequências que pesarão sobre sua amada esposa. Quando Bella pensa que finalmente encontrou a felicidade eterna, eis que surge uma terrível ameaça.

Nos filmes anteriores da série e agora neste, cada vez mais percebemos o tom conservador da trama. A justificativa para isso é a própria formação familiar-cultural-religiosa da escritora Stephenie Meyer, pertencente à igreja Mormon. Mas é igualmente possível notar que a postura aparentememte moralista de Meyer é algo obsessiva no quesito sexualidade. Em todos os filmes da saga "Crepúsculo", até chegar aqui, o que se criou foi uma expectativa quase doentia pelo momento em que Bella perderia sua virgindade. O sexo está por todos os lados, mas obviamente por meio de metáforas e símbolos - e claro, símbolos fálicos. Não por acaso, muitas das sequências dessa parte 1 de "A Saga Crepúsculo: Amanhecer" acontecem em meio a uma floresta. Claro, são árvores grossas, muitos troncos e toras.Se o leitor acha exagero, lembre-se que "wood", madeira em inglês, tanto pode ser uma gíria para o pênis quanto para ereção.

É triste afirmar, mas "A Saga Crepúsculo: Amanhecer" resume-se a isso. Não passa de uma tese um tanto capenga sobre a sexualidade, tratando o tema com uma suspeitável busca pelo moralismo que já não se vê em pleno século 21. E como todos sabem que neste filme Bella Swan finalmente se casa e, mais que isso, transa com o amado Edward Cullen, só nos resta saber para o que vai servir a parte 2 (e final) dessa série.