Últimamente tem sido difícil ler jornal na companhia do Meu Chapéu. A cada manchete sobre a crescente violência na cidade, sinto suas abas se arrepiarem, e a seguir ouço um longo suspiro. Fico aqui no conforto do meu apartamento pensando no que se pode fazer, e confesso que não me vem nada em mente a não ser uma pergunta: “Até quando?” E claro, a inevitável questão: sobreviveremos para contar?

Mais polícia na rua resolve? Bandido bom é bandido morto? Cadeia é escola de bandido? Quem é mais bandido? Ladrão ou político? Depois de muito me questionar sem chegar a lugar nenhum, escuto a opinião do Meu Chapéu sobre o assunto. Sussurrando como sempre, ele diz apenas uma frase: “Água suja não se trata na torneira. Se trata na fonte.”

Chapéu danado. De onde foi que ele tirou esta? Estaria querendo dizer que é na creche que se trata o problema? Que a educação deveria ser a nossa maior prioridade? Mas neste caso, quantas gerações serão necessárias para sermos um país como aquele que sonhamos? Não existiria uma solução mais rápida para um povo que tem tanta pressa de chegar a lugar nenhum? Enquanto um milagre não acontece, vamos jogando o problema pra debaixo do grande tapete da nossa inconsciência.